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Queixas de Memória pós COVID-19, como diagnosticar e tratar?

Atualmente, nós neuropsicólogos, diz a Dra. Gislaine Gil - doutora pela USP, enfrentamos um número cada vez maior de solicitações de Avaliação Neuropsicológica e atendimento em Reabilitação Cognitiva de pacientes que apresentam as alterações cognitivas em decorrência da nova infecção por Coronavírus.

Quais são as alterações cognitivas?

Entre os déficits cognitivos estão a alteração na memória declarativa episódica, déficits de funções executivas e, entre os pacientes mais velhos com formas graves, a confusão mental.

Quais as causas desses prejuízos cognitivos?

As pesquisas demonstram que os prejuízos se devem ao efeito da infecção viral no sistema nervoso central e aos longos períodos de hipoxigenação e lesões cerebrais, conforme claramente relatado por estudos como o de Girardini e colaboradores. Da mesma forma, estudos de Li e colaboradores relataram, estudo que envolveu 211 pessoas, que os pacientes com infecção grave desenvolveram síndromes de comprometimento cerebrovascular.

Qual o melhor tipo de Avaliação Neuropsicológica On-line ou Presencial para mapear as disfunções cognitivas?

Os estudos demonstram que a avaliação on-line segue as normas de segurança/cientificidade, compatível à presencial. Na avaliação presencial há maior possibilidade de fazer observações qualitativas a respeito dos aspectos emocionais. Se há condição de urgência, ou seja, onde a Avaliação Neuropsicológica não pode ser adiada está deve ser realizada de maneira on-line.

Qual o tempo de recuperação desses pacientes?

Geralmente, os pacientes com sintomatologia leve de COVID-19 se recuperam sem necessidade de intervenções específicas, diz a Dra. Gil, enquanto na forma moderada, grave e crítica, vários sistemas, principalmente o Sistema Nervoso Central, sofrem implicações da infecção e os pacientes precisam de atendimento mais prolongado.

Qual a melhor intervenção em Reabilitação Cognitiva, On-line ou Presencial?

 Ambas as intervenções são fortemente recomendadas, sendo que as Estratégias Cognitivas devem ser focadas para melhorar a funcionalidade do paciente, ou seja, minimizar as queixas cognitivas da vida diária, como recordar informações recém-apresentadas, lembrar nome de pessoas e lugares, palavras que ficam na ponta da língua, organização de tarefas, recordar compromissos e ações a serem realizadas no futuro, entre outras. 

Quando se deve iniciar a Reabilitação Cognitiva?

Deve ser realizada o mais rápido possível, não só durante o programa de reabilitação hospitalar, mas garantindo a continuidade dessas intervenções também após a alta ambulatorial ou via tele-monitoramento.

Por fim, a neuropsicóloga lembra que o paciente está inserido na família. Logo, o profissional de Reabilitação Cognitiva deve fornecer suporte adequado aos familiares, a fim de que estes consigam lidar com as alterações cognitivas e o estado emocional do paciente. “Cuidar de quem cuida é fundamental”, acrescenta a Dra. Gil. 

Sobre a Dra. Gislaine Gil:

• Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP.

• Mestre em Gerontologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

• Pós-graduada: Especialização e Aperfeiçoamento em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

• Titulada em Neuropsicologia pelo Conselho Federal de Psicologia.

• Titulada em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

• Coordenadora do Serviço de Gerontologia do Hospital Sírio-Libanês.

• Coordenadora do Programa Cérebro Ativo do Hospital Sírio-Libanês.

Coordenadora do Curso de Capacitação em Estimulação Cognitiva, Treino Cognitivo e Reabilitação Cognitiva do Vigilantes da Memória.

Referências Bibliográficas:

Li J, Long X, Zhang Q, Fang X, Fang F, Lv X, et al. Emerging evidence for neuropsycho-consequences of COVID-19. Curr Neuropharmacol. (2020). doi: 10.2174/1570159X18666200507085335.

Giardini V, Carrer A, Casati M, Contro E, Vergani P, Gambacorti-Passerini C. Increased sFLT1/PlGF ratio in COVID-19: a novel link to angiotensin II-mediated endothelial dysfunction. Am J Hematol. (2020) 95:E188–91.