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BLOG LEMBRE E RELEMBRE

Você tem problema de memória ou atenção?

Quando abrimos nossos olhos todas as manhãs, damos de cara com um mundo que passamos a vida aprendendo a ver. O mundo não nos e dado: construímos nosso mundo através de experiências, classificação, memória e reconhecimento incessantes.

Não se vê, sente ou percebe em isolamento – a percepção esta sempre ligada ao comportamento e ao movimento, a busca e a exploração do mundo” (Sacks, 1995). Logo, quando nossa atenção ou memória falha há sempre um motivo e um comportamento que denuncia.

Os motivos são diversos e podem estar associados aos fatores psicológicos como ansiedade, depressão ou estresse, estar ligado a uma alta exigência pessoal, indicar uma real dificuldade cerebral; predizendo um quadro de degeneração cerebral (Paulo e Yassuda, 2010).

Como distinguir?

Uma sensação de vazio impossível de ser preenchida, acolhida pelo corpo como sensação de dor e angústia são encontrados na pessoa em Depressão. Nessa condição, a pessoa passa a prestar atenção somente em pensamentos negativos, o tempo se torna letificado ou ,ao contrário, pode se manifestar por agitação motora e irritabilidade podendo durar meses. Isso, provavelmente ocorre pois a pessoa não consegue suportar por muito tempo o contato com alguma situação difícil e na tentativa de se proteger dessa realidade frustrante e ameaçadora, volta a atenção para seu próprio mundo interno e não presta atenção ao que esta ao seu redor, diz a neuropsicóloga, Dra. Gislaine Gil.  

Outra condição onde a atenção falha é em pessoas com Ansiedade. Nessa a pessoa aloca seus recursos atencionais aos estímulos ameaçadores, mantendo-se em estado de hipervigilância e preocupação. O conflito de natureza psicológica é expressado no corpo através de palpitações, sudorese, contração muscular entre tantos outros sintomas. No estresse o hormônio cortisol é liberado e age no cérebro impedindo a evocação da memória e se for crônico pode atrapalhar a aquisição das informações. A autoexigência muitas vezes é percebida com a autocrítica de uma memória que falha, mas subjetivamente e o medo de errar e não ser perfeita, diz a Dra. Gislaine Gil.

Quando falhas de memória tornam-se intensas e começam a atrapalhar as atividades diárias devido também ao comprometimento do pensamento, do juízo crítico, da orientação, do comportamento, da linguagem ou das emoções fala-se em Demência. Com o passar do tempo a pessoa se torna cada vez mais dependente dos cuidados de terceiros e necessita de ajuda para as atividades da vida diária. No início, tem dificuldades para cuidar das finanças, fazer compras, preparar as refeições, lembrar-se do horário e do modo de usar os medicamentos e cuidar da casa. Pode perder-se em caminhos conhecidos e ficar desorientada com relação a data, diz a Dra. Gislaine Gil. Essa, pode ser causada por uma infinidade de doenças, desde uma simples deficiência de vitaminas até doenças degenerativas cerebrais, como a doença de Alzheimer.

Uma boa avaliação médica e a realização de exames especificos solicitados pelo médico geriatra são fundamentais para se estabelecer o diagnóstico correto da causa e instituir o tratamento adequado o mais breve possível.

As doenças podem e devem ser tratadas com o objetivo de se melhorar os sintomas sejam esses de atenção ou memória para melhorar a qualidade de vida. Tratamento não farmacológicos também são fundamentais!

Referências Bibliográficas:

-Gil, G. & Busse, A.L. (2019). Como lidar com Problemas de Memória e Doenças Degenerativas: guia prático para pacientes, familiares e profissionais da saúde. São Paulo: Editora Hogrefe.

-Gil G e Busse AL. Avaliação neuropsicológica e o diagnóstico de demência, comprometimento cognitivo leve e queixa de memória relacionada à idade. Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo, 2009; 54(2):

-Paulo DLV e Yassuda MS. Queixas de memoria de idosos e sua relação com escolaridade, desempenho cognitivo e sintomas de depressão e ansiedade. Rev. Psiq. Clin, 37(1):23-6, 2010.

-Oliver S. Um antropólogo em marte: sete historias paradoxais. Sao Paulo: Companhia das Letras, p.129, 1995.